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terça-feira, 22 de março de 2011

Banco Mundial, reformas educacionais e resistência estudantil


Ultimamente, estudantes de vários países vão às ruas protestar contra a péssima situação em que se encontram as escolas e universidades, assim como as medidas abusivas dos governos. Aqui no Brasil, mesmo o governo petista anunciando grandes melhorias para a educação, também os/as estudantes percebem o quanto uma educação de qualidade está cada vez mais difícil: as escolas públicas caindo aos pedaços, as privadas lucrando em cima dos/as alunos/as que tem que se virar para pagar as altas mensalidades, sem falar nas condições de vida transporte, saúde, moradia) cada vez mais privatizadas e caras (e piores!). Mas, o que há de comum nisso tudo? Por que, da mesma forma que aqui, o governo da Inglaterra cobra dos estudantes bolsas para ensino superior em vez de garantir acesso público e gratuito para quem quer estudar? Por que sai governo e entra governo e as verbas para educação continuam as mesmas e a educação nunca melhora?

Para responder essas perguntas temos que observar quem está por trás dessa precarização da educação que impossibilita o povo ter uma escola de qualidade, pleno acesso ao ensino superior público. Além disso, ver como funciona o capitalismo e o Estado nesse período histórico mundialmente.


Capitalismo e Imperialismo na 'era neoliberal': as classes dominantes e seus instrumentos de exploração e dominação

O capitalismo é um sistema desigual que explora as massas trabalhadoras do mundo todo em busca de acumulação que só as classes dominantes tem acesso. Para manter essa exploração econômica, de roubo do fruto do trabalho coletivo pelos capitalistas, as classes dominantes se organizam num Estado: parlamento, forças armadas, tribunais, prisões etc. O Estado capitalista, chamado pela burguesia de Estado democrático de direito (só se for para os ricos!) nada mais é que um “balcão de negócios da burguesia” como dizia Marx. O Estado representa os interesses econômicos e políticos das classes dominantes e oprime o povo quando este se rebela de sua condição.

Porém, com a organização e luta das classes trabalhadoras, estas conseguiram durante a história arrancar diversos direitos do Estado, obrigando-o a dar serviços públicos básicos (inclusive educação pública e gratuita de mínima qualidade). Alguns países em que os Estados forneciam alguns direitos aos trabalhadores chamaram-se de Estado de “bem estar” social. Mas essas “melhorias” nunca chegaram a todos os países, muito menos rompiam com a lógica capitalista: assim que as crises ameaçaram a acumulação dos capitalistas, toda essa estrutura se desfez e uma nova ofensiva contra os/as trabalhadores/as foi realizada.

Neoliberalismo é o nome dado a esse período que vivemos em que os direitos trabalhistas são derrubados e todos os serviços básicos vão para a esfera do mercado. O neoliberalismo se aplica na prática nas reformas neoliberais, dentre elas reformas educacionais que privatizam e precarizam a educação pública a favor das classes dominantes.

Sendo o capitalismo um sistema internacional, as classes dominantes, para continuar sua hegemonia possuem órgãos com fachadas democráticas e pacificadoras ditos multinaterais que coordenam as reformas ou intervenções nos diversos países para que permaneça a ordem e o próprio capitalismo. Existem também países capitalistas desenvolvidos que controlam e dominam cultural, financeira e politicamente (quando necessário militarmente) os países mais pobres. Tudo isso para que as massas não ameacem o sistema capitalista e para que os grandes continuem lucrando.


Banco Mundial e educação: as reformas educacionais governamentais e suas origens

(Foto: Estudantes italianos protestam contra o corte de verba na educação, final de 2008)


O Banco Mundial é um desses organismos a serviço do imperialismo que dita regras de como as coisas devem ser, dentre elas na educação (quanto se gastar em educação, em que, como, por que, pra quem a educação deve servir etc.). Os governos de diversos países, sendo eles de “esquerda” ou de direita, acatam essas regras e aplicam reformas para tudo se adeque em troca de empréstimos que financiarão (ao mesmo tempo que encherão o bolso dos burgueses) as modificações necessárias para o capital.

As atuais reformas educacionais aplicadas principalmente no ensino superior do mundo todo tem sua origem no Banco Mundial que representa a burguesia imperialista e servem para desmontar o Estado de “bem estar” e aplicar o neoliberalismo. Mesmo estas reformas tendo aparências de “democráticas”, “feitas para o povo”, “para diminuir a desigualdade” são medidas autoritárias que se opõem aos interesses do povo, já que serve ao lucro dos empresários e às necessidades do capital para que este mantenha seu domínio político e econômico. Por exemplo, a Reforma Universitária - REUNI, implementada pelo governo Lula, que destina verbas para a expansão caótica das universidades, criando cursos de pequena duração, turmas infladas de 150 estudantes, entre outras formas de sucateamento dentro da universidade pública. Além disso, essas reformas geralmente também vem em formas de bolsas/empréstimos a estudantes de baixa renda nas faculdades privadas, ou seja, repassa o dinheiro do Estado para os privatizadores da educação, donos das faculdades em que o diploma é praticamente vendido. Detalhe: se a universidade se nega a aderir ao REUNI, ela simplesmente não recebe verbas federais.

O Banco Mundial, ou seja, as classes e países dominantes, entendem que a educação não deve servir ao povo, mas sim a si próprios, fazendo da educação um campo lucrativo e que prepare as massas que serão exploradas futuramente. Para impedir que haja resistência, as escolas e as reformas educacionais inculcam uma ideologias individualistas e meritocráticos nos/as alunos/as e nas comunidades para que não se organizem e pensem que a solução virá do "esforço" individual e que “cada um merece o que tem”. Essa ideologia ignora, por exemplo, que mesmo que todos/as os/as estudantes no DF passassem com nota no vestibular suficiente para cursar Medicina, não haveria vagas para todos/as. Sendo assim o vestibular não é um teste do seu "esforço pessoal", mas um funil econômico, onde só os/as ricos/as têm vez!


Resistir! Lutar contra o Estado e os empresários que precarizam a educação!

(Foto: Estudantes ingleses ocupam prédio do partido do governo contra o aumento das tarifas no ensino superior no final de 2010)

Então, para lutar por uma educação pública de qualidade para todos/as e contra todas essas medidas governamentais do mundo todo, deve-se sempre ter em vista de onde vem todos esses ataques contra os estudantes e trabalhadores e a quem privilegia. Ao mesmo tempo, entender que a luta dos estudantes de diversas regiões do mundo estão relacionadas. Mesmo parecendo algo tão distante que em nada interfere na nossa escola, na nossa cidade etc., tudo está relacionado e por isso a luta deve sempre ter como objetivo juntar mais e mais estudantes. E para juntar os/as estudantes é preciso mostrar a cada um/a o quanto a luta é importante e quanto só a união dos/as estudantes trará vitórias verdadeiras.

Porém é preciso se organizar e lutar da forma correta! Muitos no movimento estudantil dizem lutar pelos estudantes, mas defendem os governos e se juntam aos empresários, abandonando a luta direta dos estudantes nas ruas, única via para barrar as reformas neoliberais. É o caso, no Brasil, da traidora União nacional dos estudantes.

A história nos ensina que só nos organizando e lutando conseguimos resistir ao ímpeto do capital e alcançar melhoras para nosso povo. Os últimos levantes estudantis europeus, por exemplo, nos ensinam que a luta dos/as estudantes deve ser contra os empresários e os governos, já que são estes que representam os interesses do capitalismo e precarizam e privatizam a educação. Além disso buscando sempre a democracia e a autonomia interna nas escolas para que a vontade da maioria prevaleça e não mandatos governamentais que a todos prejudica!

Como podemos ver, o Banco Mundial e os interesses das classes e países dominantes interferem diretamente no cotidiano escolar dos estudantes, através da intervenção nas políticas educacionais, do financiamente etc. que dizem para quem deve servir a educação e é papel dos estudantes se organizarem e lutarem por uma educação que sirva ao povo, e não aos empresários!



Por uma educação que não seja mercadoria! Educação gratuita, pública e de qualidade é direito dos trabalhadores/as e de seus/suas filhos/as!


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segunda-feira, 14 de março de 2011